Breve história


Antecedentes

Não querendo deixar nada por dizer, começarei por  referir que a história da CX remete-se ao exterior da própria marca.

Lilac R92 500
Quando a empresa de motos "Marusho/Lilac" faliu, Soichiro Honda contratou os seus melhores desenhadores e engenheiros e pô-los a trabalhar na sua empresa. Ironia do destino, o fundador da empresa Marusho/Lilac - Masashi Itó, tinha sido seu empregado antes da 2ª GM, quando fundou a nova empresa. Quando a Marusho faliu e foram trabalhar para a Honda já tinham fabricado a R92 Marusho Magnum Electra 500 cc, com o motor longitudinal em V 66º, com válvulas à cabeça, arranque eléctrico, forquilha telescópica, transmissão secundária por veio, e outros pormenores que soam a familiar na CX e que provavelmente lhe deram origem.


Honda CX350 refrigerada a ar
Em 1970, a Honda apresenta um protótipo com um motor de 2 cilindros em V, longitudinal refrigerado a ar a 90º - a CX 350 e outro refrigerado a água em V a 80º, com nome de código A3S, 150 Kg de peso e  38,2 cv - a CX 360. Porém, nunca chegaram a ser lançadas no mercado devido à conjuntura económica da altura e não se considerar o modelo mais propício. O mesmo aconteceu com uma versão turbo da CX360 denominada de A3S 11.


Honda CX360 A3S refrigerada a água
Há quem diga que o lançamento da CX500 foi para fazer frente à Moto Guzzi. Nada mais errado. Depois de mais uma crise financeira que levou a Guzzi a mudar de dono, o V twin a 90º da Guzzi, projectado pelo engenheiro Giulio Cesare Carcano, começou por ser utilizado num pequeno tractor com fins militares nos anos 60-63 e só depois disso em 1967 foi adaptado às motos com a apresentação da V7 de 700 cc, e desde aí, no meio de mais crises financeiras e consequente mudanças de dono, foi beneficiando de tímidas melhorias ao longo de décadas, mantendo a sua estrutura original (só em 2007 recebeu a cabeça de 4 válvulas). Enquanto isso a Honda, com o brilhante engenheiro Soichiri Irimajiri, (foi ele quem teve a seu cargo o projecto da RC de 6 cilindros de grande prémio e foi responsável pelo regresso da Honda às competições), duma só assentada lançaram uma moto carregada de tecnologia, potente e confortável.

Apresentação e lançamento

A Honda CX 500 é uma moto inusual, original no seu conceito e moderna na sua concepção e arquitectura. Na altura, pese a sua baixa cilindrada (para os dias de hoje) era considerada uma moto de grande turismo desportiva e ademais confortável, tendo como seu maior contra o peso relativamente elevado. Era tecnologicamente avançada para a sua época, apresentando uma série de soluções muito interessantes (ver em especificações técnicas). Esteticamente, a sua originalidade residia essencialmente pela arquitectura do seu motor em V a 80º, o seu farol carenado e o grande radiador de refrigeração do motor, que a tornavam reconhecível à primeira olhada.
Versão A da CX500 só com um disco de travão

A CX 500 foi apresentada por primeira vez em finais de 1977 no circuito de Nogaro (Toulouse, França) e pese embora não ter um visual que apaixona à primeira (na Alemanha chamavam-lhe güllepumpe - bomba de esterco líquido e os ingleses, plastic maggot - pato de plástico, devido à peculiar carenagem do farol), as suas qualidades, motor e ciclística, fizeram-na ocupar rapidamente o primeiro lugar das vendas na sua categoria., desde o início da sua comercialização em 1978, deixando para trás as suas directas competidoras, a Yamaha XS 500 e a Moto Guzzi V50 Monza.

Foi comercializada um pouco por todo o mundo, mas onde teve mais incidência foi América do Norte, África do Sul, Europa e um pouco pela Austrália, isto claro, sem falar no seu país de origem, o Japão. Foi no velho continente, onde esta moto teve mais sucesso, nomeadamente na França, Alemanha e Inglaterra. Atesta isso o facto de que é nesses países onde ainda se podem encontrar muitas motos usadas e peças. Em Espanha e Portugal não foi comercializada e na América do Sul também não parece que tal tenha acontecido.

Variantes, evoluções e alterações
   
    Durante os anos em que foi comercializada, de 1978 a 1985, com base no mesmo tipo de motor, a moto teve diversas variantes e beneficiou de algumas alterações.

Cilindrada
A Honda lançou a CX com o motor de 496 cc, mas no seu país de origem criou um modelo de somente 396 cc, por motivos dos impostos incidirem sobre a cilindrada. Mais tarde em França, em inícios de 1981, foi também proposta a CX com a cilindrada de 396 cc para que os condutores com restrição na carta de condução, pudessem aceder a este modelo. A moto era exactamente igual ao modelo de 496 cc. Porém estas versões duraram poucos meses, porque entretanto surgiu o modelo com mono-amortecedor atrás, mas sem alteração da cilindrada, denominada de CX500 E (Europa).

Também este último modelo não durou mais de um ano, pois o motor foi alterado, sendo entre várias coisas, o aumento de cilindrada, passando todas as variantes a terem 650 cc, comercializado a partir dos finais de 1982.

Variantes
Primeiro foi lançado o modelo de sport-turismo, a CX500 A e pouco tempo depois (1979) a 
CX500 C - Custom
versão custom, a CX 500 C, esta última completamente diferente da A, coincidindo principalmente no motor e suspensões e dotada de guiador alto, assento com dois níveis, depósito em forma de gota com menor capacidade, pneu traseiro mais largo e mais cromados - o guarda lamas traseiro e o farol, assim como o assento de dois níveis e mais baixo 2 cm. Curiosamente as séries exportadas para a Europa eram as que tinham dois discos de travão à frente.


CX500 D - Deluxe
A pensar no mercado americano, foi lançado em 1980 um modelo designado "Deluxe" - a CX500 D. Feita com base na CX500 A, diferenciava-se desta última pelo assento com dois níveis, o guiar mais alto e um só disco de travão à frente.


CX500 Interstate
Com base no mesmo motor, surgiu em 1981 a versão GL500 Silverwing só para o norte da América (Estados Unidos e Canadá), uma versão sem carenagem e outra com uma carenagem bem generosa, a CX500 Interstate, muito ao estilo da consagrada Goldwing, procurando assim oferecer um patamar mais básico daquela turística.


CX500 Turbo
Por fim em 1982, com o surgimento da moda dos turbos (que não durou muito), a Honda apresentou a sua versão CX500 Turbo, uma moto já com um aspecto contemporâneo, com mono-amortecedor atrás e uma envolvente carenagem. O turbo incrementava a potência em mais de 60% em relação à versão atmosférica, cifrando-se em 82 cv. Paralelamente também foi modernizado o modelo base, de que falarei no ponto seguinte.

Evolução

A CX500 comercializada em 1978 e 1979 era designada pela letra A - CX500 A. Na Austrália era
CX500 versão A
designada de CX500 Shadow. Em 1980 e 81 surgiu a primeira evolução- a CX500 B, com algumas alterações estéticas e sem grandes modificações técnicas visíveis. As diferenças entre estas duas versões é tratado no capítulo "diferenças versão A-B", uma vez que é a essas versões que é dedicada esta página.

Até ao final de 1981, não houve
CX500 versão B
alterações de monta, até que em 1982 surgiram novas versões com o mesmo motor (496 cc), mas com toda a parte ciclística profundamente alterada passando a ter um visual muito mais contemporâneo, como é o novo mono-amortecedor atrás. Com esta evolução apareceu por primeira vez a versão turbo, mas deixaram de existir as versões custom e deluxe. A versão sem carenagem passou a designar-se CX500E sports. Os modelos GL mantiveram-se inalterados até ao final daquele ano.

CX650 E Sports
Em 1983, com base nas alterações da ciclística do ano anterior, foi a vez de o motor ser modificado, realçando aqui o aumento de cilindrada para 650 cc. Com isso verificou-se uma remodelação da gama, sendo que apenas se manteve a versão sem carenagem - CX650E sports, a versão turbo - CX650 turbo e ainda as versões custom - CX650 C e  GL650 Interstate, que só tiveram practicamente saída para a América do Norte. Todo o resto da gama desapareceu, mantendo-se esta situação até finais de 1985, ditando assim o fim do modelo CX e do motor em V a 80º.

 

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