Sem querer ser
demasiado extenso, interessa no entanto destacar algumas particularidades de
uma máquina que causou surpresa no mercado devido à sua originalidade e tantas soluções
técnicas avançadas ou inusuais para a época todas juntas num só motor:
refrigeração a água,
arranque exclusivamente eléctrico, transmissão secundária
por veio de baixa manutenção, rodas modulares (constituída por várias peças
ligadas entre si), carburadores evoluídos tipo CV (constant velocity) ajustados
para reduzir as emissões e o sistema electrónico de ignição CDI, que constituía
uma unidade independente do restante circuito eléctrico, permitindo que a moto pudesse
arrancar por empurrão e funcionar em caso de avaria eléctrica.
O módulo do CDI |
Pese embora o
posicionamento longitudinal do motor não ser original, com dois cilindros em V,
um de cada lado da moto, existia apenas a Moto Guzzi e era refrigerado a ar. É evidente que estou a
referir-me a motos de grande produção, pois dentro de motos de pequena
produção/artesanais,
existe uma infinidade de soluções, como se pode ver na imagem junto, uma
Victoria Bergmeister com o motor similar à Moto Guzzi.
Victoria Bergmeister refrigerada a ar |
Pode-se assim
afirmar que o motor longitudinal em V a 80º refrigerado a água e 4 válvulas por
cilindro da CX500, é no seu conjunto, único no mundo.
Mas tem ainda
outras notas dignas de realce. Na sua concepção, os cilindros foram rodados 22º
para fora em relação à posição do motor, para assim as condutas de admissão dos
carburadores e caixa do filtro de ar convergirem para o centro, não ocupando
tanto espaço e garantindo que as condutas de ar fossem rectas, beneficiando a alimentação do fluxo de ar.
Posicionamento dos cilindros rodados 22º para o exterior |
Por outro
lado, os cilindros são de curso curto (diâmetro 78 mm y recorrido 52 mm), o que
o torna muito rotativo, atinge 9.000 rpm, dando ao motor um carácter desportivo
e também bastante potente (50 cv) para
cilindrada que tem. Ainda agora, passados 36 anos, continua a ser a potência que
apresentam as motos actuais.
A embraiagem é
contra - rotante em relação ao movimento da cambota, ajudando a anular o
movimento de torção inerente a este tipo de motor, que puxa a moto para o lado
e suavizando a transmissão da potência ao veio.
O grupo cónico da transmissão por veio |
Na altura era mais comum do que agora, e a CX
não ficou de fora, dispondo de veio de transmissão, que a dispensava de
qualquer manutenção, para além de uma mudança de 0,17 l de óleo a cada 20.000
Km e um pouco de massa consistente a cada 5.000 Km.
A refrigeração
a água impunha ter um radiador devidamente carenado, o qual dava uma forte personalidade à moto. A circulação de ar é
feita por um ventilador com 6 pás de accionamento mecânico que roda solidário
com a rotação do motor, sendo que o circuito de água é comandado por um
termostato.
Foi realçado na
altura do lançamento o facto de ter uma boa luminosidade, por ser equipada com
uma lâmpada de halogéneo tipo H4 de 55/60W.
Os dois amortecedores
traseiros FVQ (fade very quickly), são reguláveis na pré-carga da mola em 5
posições, e na altura considerou-se serem um dos responsáveis pelo conforto
(juntamente com o assento) do conjunto, pese embora terem apenas 85 mm de curso
(agora o normal é ter 120 mm).
É de realçar
que a CX500, tendo ainda uma dimensão das rodas à moda da época - 19 polegadas
à frente e 18 atrás, foi a primeira moto de produção mundial a ser equipada com
pneus tubeless (sem câmara de ar). Os aros são de alumínio e os 5"raios" são de aço estampado
fixados ao aro por rebites. Na versão B esses raios passaram a ser de alumínio
pintados de preto.
A CX500A e
algumas da série B, até ao nº de motor 2034419 surgiram com um problema técnico
grave, devido a um defeito de fabrico do patim-guia do tensor da corrente de
distribuição. Apesar de essa deficiência não afectar todos os motores, levou a
que todas as CX com o nº de motor até ao 2045234, fossem chamadas aos
concessionários para substituição do patim-guia e outras peças associadas. A
partir deste número, foi feita uma alteração sobre a montagem do sistema.
Principais características técnicas:
Marca e Modelo
|
Honda CX 500 A e B
|
Ano
|
1978-81
|
Motor
|
Motor 4 tempos, 2
cilindros em V a 80º, em posição longitudinal em relação à direcção de
andamento; Comando das válvulas por hastes e balancins. Simples árvore de
cames (SOHC) sobre elevada, situada ao centro do V dos cilindros.
Refrigeração a água.
Lubrificação por
carter húmido com capacidade total de 3 litros de óleo SAE 10W40 - 2,5 litros
para mudança simples e 2,6 litros com mudança do filtro de óleo.
Peso do motor a
seco - 64 Kg
|
Cilindrada
|
496 cc
|
Diâmetro x curso
|
78 x 52 mm
|
Taxa de compressão
|
10,0:1
|
Carburação
|
2 carburadores Keihin de
34mm
|
Ignição
|
Electrónica integral CDI
|
Equipamento eléctrico
|
Alternador trifásico de
170W a 5000 rpm
Tensão de regulação - 14
a 15 volts
Bateria - Yuasa YB 14
L-A2 de 14 Ah de 12 volts Dimensões - Comp-135xLarg-90xAlt-165
Velas - NGK DR 8 ES-L ou
ND X 24 ESR-U
Folga do eléctrodo - 0,6
a 0,7 mm
Lâmpadas: farol méd/máx -
12V-55/60W H4 halogéneo; luz presença - 12v - 4W; luz traseira presença/stop
- 2x12v - 5/21W; piscas - 4x12V - 21W; luz matrícula - 12V - 10W; iluminação
quadro instrumentos - 8x12v - 3,4W
|
Potência máxima
|
50 cv @ 9000 rpm
|
Binário máximo
|
46 Nm/4,35 m.Kg @ 7000
rpm
|
Embraiagem
|
Multidisco em banho de
óleo
|
Caixa transmissão primária/ transmissão secundária
|
5 velocidades / por veio
|
Quadro
|
monoviga aberto (com
motor suspenso) em aço
|
Suspensão dianteira
|
33mm Showa telescópica
com amortecimento hidráulico de 139,5 mm de curso
|
Suspensão traseira
|
braço oscilante com
amortecedores hidráulicos de 84mm de curso
|
Travão dianteiro
|
2 discos de 240mm
|
Travão traseiro
|
tambor de 160mm
|
Roda dianteira
|
Roda DID(*), 3.25-19
|
Roda traseira
|
Roda DID(*), 3.75-18
|
Pressão dos pneus (Kg/ cm2)
|
Condutor frente - 2,0 /
atrás - 2,0
Cond.+ passageiro -
frente - 2,0 / atrás - 2,5
|
Dimensões (mm)
|
Comprimento - 2205
Largura - 740
Altura - 1125 (modelo A)
/ 1170 (modelo B)
Altura do assento - 810
Distância ao solo - 150
Distância entre eixos -
1455
|
Peso a seco/com gasolina / peso máximo com carga
(Kg)
|
205 / 217 / 397
|
Repartição peso frente/trás (Kg)
|
101 / 116
|
Capacidade do depósito de combustível
|
17 litros (3,5 l reserva)
|
Consumo médio (l/100 Km)
|
Aproximadamente 6 litros
|
Aceleração 0-400m
|
14.0 sec / 150 Km/h
|
Velocidade máxima
|
180 Km/h
|
(*) Os manuais falam na marca
Comstar, mas todos os modelos na minha posse tem rodas DID.
Panfleto da altura sobre a versão A:
Panfleto da altura sobre a versão B:
Sem comentários:
Enviar um comentário